top of page
altinay-dinc-LluELtL5mK4-unsplash.jpg

SOBRE A TRADIÇÃO ALEXANDRINA

Sobre a Wicca Tradicional Britânica

A Wicca Tradicional Britânica (ou BTW, British Traditional Wicca) foi criada nos anos 1940 por Gerald Gardner, bruxo britânico com diversas influências intelectuais e espirituais, como ordens de magia cerimonial e figuras como Margareth Murray e Aleister Crowley. Após sua iniciação em um coven de bruxaria em 1939, Gardner acabou desenvolvendo um conjunto de práticas que, posteriormente, foi chamado de Wicca Gardneriana, ou Tradição Gardneriana da Wicca.

Quando a última lei contra a bruxaria foi alterada na Inglaterra para uma lei contra Médiuns Fraudulentos, Gardner percebeu que era hora do conhecimento ao qual ele havia tido acesso vir a público, visto que nunca antes a bruxaria havia sido descrita pela visão de um bruxo. Como havia pouca ou nenhuma documentação das práticas do Coven em que havia sido iniciado, Gardner tratou de sintetizar o conhecimento que recebeu usando o material ocultista que havia na época, como a poesia e liturgia de Aleister Crowley e a mitologia proposta por Robert Graves, visto que até então o trabalho da Dra. Margareth Murray só falava sobre o Deus das bruxas, não sobre a Deusa.

 

Assim, depois que a lei foi substituída, Gardner obteve a autorização para revelar alguns aspectos da Arte sob a forma de um romance. Isso atraiu alguma visibilidade e anos depois ele lançou um livro relatando de forma mais explícita vários aspectos da Arte e contextualizado-a de forma histórica. Com o lançamento desse livro, Gardner se desconectou de vez de seu antigo Coven e fundou seu próprio Coven, onde iniciou Doreen Valiente, que logo se tornou sua Alta Sacerdotisa, e contribuiu imensamente para o que a Wicca Tradicional Britânica veio a se tornar.

 

Nos anos 1960, o também britânico Alex Sanders, um espiritualista e bruxo com ampla experiência nas artes ocultas, foi iniciado em um coven gardneriano, e acabou por desenvolver na década seguinte - com sua esposa Maxine Sanders - sua própria Tradição, derivada da Wicca Gardneriana, e que ficou conhecida como Tradição Alexandrina. 

 

Somente com o trabalho de Alex, que obteve grande exposição na mídia, é que a Wicca começa a se tornar mais inclusiva. Alex permitiu que a Wicca, antes praticada principalmente por pessoas ricas, brancas e heterossexuais, passasse a alcançar pessoas de outras classes sociais, sexualidades e cor da pele.

 

Com o tempo, as duas Tradições passaram a ser conhecidas em conjunto como Wicca Tradicional Britânica, e delas derivaram muitas outras tradições de bruxaria e espiritualidade, como a Seax Wicca e as Tradições Diânicas. 

 

Tradições iniciáticas e de Mistérios

A Tradição Alexandrina, assim como a Gardneriana, é uma tradição iniciática de Mistérios. Isso significa que suas práticas não podem ser reveladas a não-iniciados, e buscam, além do desenvolvimento da Magia e da Devoção, introduzir seus iniciados nos Mistérios da Wicca. 

 

Parte-se do princípio de que os Mistérios não podem ser ensinados ou estudados, visto que precisam ser vivenciados para serem compreendidos. Assim, para a Wicca a prática é tão (senão mais) importante quanto a teoria.

 

Sobre linhagens

 

A linhagem de uma bruxa é, resumindo, sua genealogia. Ela inclui seu iniciador, a iniciadora de seu iniciador, o iniciador da iniciadora de seu iniciador, e assim sucessivamente até chegar nos fundadores da Tradição (no caso da Tradição Alexandrina, Maxine e Alex Sanders). Uma pessoa pode mudar de coven, chegar a divergências tão graves com seu iniciador a ponto de cortarem relações, e ainda assim sempre será uma bruxa Alexandrina. 

 

Assim, uma iniciação válida não é algo que possa ser revogado. Por consequência, a linhagem não pode ser modificada ou renunciada, nunca. É claro, no entanto, que embora uma pessoa jamais perca sua linhagem ou seu status de iniciada, alguém que apresente séria má conduta, graves desvios de caráter e/ou comportamento abusivo (ou mesmo criminoso) deverá ser rechaçado de qualquer convívio com a comunidade iniciática - seja virtual ou presencial - como uma persona non grata - que terá seus serviços sacerdotais renegados, caso insista em oferecê-los.

Covens e Linhas

 

Cada coven da Craft é autônomo, tendo liberdade para escolher e desenvolver suas próprias práticas, desde que se mantenha fiel às práticas básicas da Craft, que são o que caracteriza um coven como Alexandrino (além, é claro, da linhagem válida de seus membros).

 

Dito isso, é comum que covens mantenham práticas muito semelhantes às de seus covens-mãe, de modo que é possível ver uma certa unidade nas suas atividades. Essa similaridade de posicionamentos mágicos pode acabar criando o que se entende por Linhas (importante se ter em mente, então, que linhagem é uma coisa, e Linha é outra).

 

Linhas são grupos de covens normalmente derivados de um coven em comum que, por compartilharem de características entre si para além daquelas que os definem como Alexandrinos, acabam se agrupando em Linhas, celebrando assim suas origens e declarando para o mundo que aqueles covens se enxergam como descendentes de uma forma específica de ver e viver a Arte.

 

Por serem mais do que nada afiliações ideológicas, covens podem se desvincular de uma Linha sempre que sentirem que não se encontram mais em afinidade com as práticas de seus antecessores. Isso não significa que um coven que se desvincule de uma Linha deixe de ser Alexandrino; como dito acima, o que caracteriza um coven como Alexandrino é a linhagem válida de seus membros e a fidelidade às práticas básicas da Craft.

bottom of page